domingo, 22 de maio de 2011

A Escola da Vida

Curso EFA nível secundário 2007/2008
Nos dias de hoje, parece que ninguém tem dúvidas que a escola privilegia as competências aos conhecimentos. Já ninguém anda na escola unicamente para saber, mas sobretudo para saber ser, saber estar e, sobretudo, saber fazer. Também é consensual que, para além do currículo explícito, as aprendizagens se realizam noutros contextos, ganhando maior alcance o currículo informal e o currículo oculto. A escola já não é o único paradigma da educação e da formação. Aprende-se, como é óbvio, na escola, mas também se aprende no contexto familiar, no profissional, no associativo e aprende-se também com os media. As verdadeiras aprendizagens e, porventura, as mais significativas, de cada um de nós, licenciados ou não, aconteceram fora da escola.

Sendo assim, muito me espanta, que certos sectores da sociedade portuguesa, reajam ironicamente ao Programa Novas Oportunidades. Assiste-se já a alguma chacota pública e até a um certo anedotário nacional. Mas quem assim ridiculariza, conhecerá os princípios deste programa? Saberão que a maior parte destes adultos se formou na escola da vida, através dos currículos informais e ocultos? Saberão que muito deles adquiriram as competências de linguagem e de comunicação à custa de muitas leituras? Que, mesmo que não dominem a linguagem académica, aplicam e lidam diariamente com a matemática da vida, interpretando e aplicando métodos práticos e resolvendo problemas? Saberão que todos dominam a informática, na óptica do utilizador, utilizando o Word, PowerPoint, Excel e Internet? Quantos dos nossos alunos do 9º ano dominam estas ferramentas? Quantos são aqueles que têm uma experiência associativa e cívica tão rica como grande parte destes adultos? Muitos deles participam em movimentos associativos e cívicos, são autarcas, dirigentes associativos e encarregados de educação que acompanham de perto os seus filhos e que colaboram com a escola. Quantos são capazes de organizar um currículo, um portfólio, ou um dossiê exaustivo com as suas histórias de vida, salientando as diversas evidências pessoais, profissionais e formativas? Muitos deles têm uma experiência profissional rica e diversificada, revelando grande capacidade de aprendizagem e de adaptabilidade às diferentes profissões. Quantos deles, depois de oito horas de trabalho diário, ainda conseguem ter disponibilidade física e mental para frequentarem inúmeras acções de formação? E, sobretudo têm a humildade que, falta a tantos, para confessarem as suas limitações e têm um desejo férreo de se valorizarem cada vez mais. Não regressaram à escola, como se vai dizendo, mas têm que ultrapassar, por vezes, a crítica, o preconceito e a hostilidade de amigos e até de familiares, só porque aceitaram o desafio desta nova oportunidade e acreditam na aprendizagem ao longo da vida.

Enquanto avaliador externo, tenho tido a oportunidade de admirar, de me emocionar e de aprender com tantos destes homens e mulheres, que evidenciam tantas competências de vida, que apostam na leitura, que resolvem tantos problemas matemáticos, chegando mesmo a inventar equipamentos e máquinas, que sabem tanto de novas tecnologias, incluindo a informática, que frequentam tantas acções de formação, que detêm um riquíssimo currículo profissional, que participam de uma forma tão empenhada nos movimentos associativos e cívicos, quer como autarcas, dirigentes, voluntários, catequistas, escuteiros…

A todos estes homens e mulheres presto a minha homenagem e admiração.



Júlio Sá - 19 de Maio de 2011


Elaboração de trabalhos com recurso à Internet

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Oferta educatva-formativa da ESPBS para jovens e adultos - 2011/2012

Vila de Joane: um caso paradigmático de desordenamento urbanístico.


Igreja do Divino Salvador - Antiga Igreja de Joane


Na década de 60 do século passado, Joane era uma aldeia que vivia predominantemente da agricultura, não tinha indústria. A única construção que se destacava era a Igreja Velha, datada do século XVIII e que devido a decisões irracionais tomadas pelo pároco da freguesia, que por acaso é o actual, foi mais tarde demolida. Ainda tenho uma leve memória dessa Igreja que era muito bonita!


Presentemente Joane é uma vila com cerca de oito mil habitantes. Já tem alguma indústria e comércio, no entanto, perdeu toda a sua vertente agrícola. Infelizmente, tornou-se uma vila feia, com um urbanismo desordenado e sem infra-estruturas de relevo. Nos dias de hoje, a construção desordenada tirou muita da beleza que havia nas vilas e aldeias da região, para além de se ter perdido toda a convivência que havia entre vizinhos. Nos livros de Eça de Queirós ou Júlio Dinis, o que mais aprecio é a descrição do autor relativa à proximidade e convivência entre os vizinhos. (…)


Lamento que vivamos tempos onde nos isolamos nas nossas casas, com muros de dois metros de altura ou, então, em apartamentos onde não conhecemos sequer o vizinho da porta ao lado. (…)


Principal rotunda da Vila de Joane
Sendo o ordenamento do território uma gestão entre o espaço natural e o Homem, no caso da vila de Joane nada se enquadra. A vila cresceu, sobretudo, em redor da sua estrada nacional, com edifícios de diferentes alturas e arquitecturas. Uma pequena vila como esta não é uma cidade, devia ser estudado todo o seu urbanismo e enquadrar toda a construção horizontal nesta paisagem semi-rural. Nota-se um aglomerado humano junto das vias rodoviárias e noutros locais essas mesmas vias quase não existem ou estão de tal modo degradadas que é quase impossível transitar por elas. É notório que, no caso de Joane, nunca houve um estudo ou análise de qualquer tipo de planeamento urbanístico.


Infelizmente, Joane é o espelho do que se passa neste país. Os interesses económicos e pessoais, onde a corrupção impera, estão bem à frente do interesse do ordenamento do território. E não se trata somente de salvaguardar o interesse paisagístico, o prejuízo que é infringido em muitas áreas, que deviam ser protegidas, e no ambiente podem ter desfechos terríveis no futuro. É fácil perceber que por motivos económicos as zonas costeiras foram sobre povoadas, em alguns casos construi-se em cima de leito de mar e de dunas e agora vemos essas zonas serem invadidas pelo mar. Mais flagrante ainda é a construção em leito de rio. Devido às alterações climáticas os rios invadem constantemente habitações e só o fazem porque neste país nunca houve um ordenamento de território. Em 2010, tivemos na Madeira mais uma prova do “belo serviço” feito pelas Câmaras Municipais com a conivência do Poder Central! A troco de mau ordenamento, subornos e corrupção, perdem-se vidas e bens.


É evidente que não nos podemos opor ao crescimento das zonas urbanas, mas devemos fazê-lo respeitando a paisagem onde esse crescimento se insere.


O mesmo se passa a nível de vias de transporte. Nos últimos anos, vimos ser construídas auto-estradas em locais onde nunca deveriam existir. Em certos casos, era preferível fazer a conservação das vias já existentes. Como este país é de extremos, temos povoações no interior onde só é possível ir de carroça, ou porque não existem vias de transporte ou porque estas têm buracos de 30 centímetros de profundidade e o litoral atravessado por verdadeiras “estradas” de auto-estradas! O ridículo dos ridículos é que se construíram auto-estradas por esse interior fora para evitar a desertificação e depois fecharam-se centros de saúde e escolas! Ora aí está Portugal no seu melhor!


Maria Manuela Rafael (excerto do seu Portefólio Reflexivo de Aprendizagens do Processo RVCC – Nível Secundário – Grupo 01/2011)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Júri de certificação NB - G18/2010 - 13 de Maio de 2011




Na sessão de júri de certificação de nível básico, realizada no dia 13 de maio, foram seis os adultos que viram certificadas as suas competências após a apresentação/defesa dos respectivos portefólios reflexivos de aprendizagem com sucesso. Foram presentes a júri os seguintes adultos do grupo 18/2010: Carlos Silva, Felismina Fernandes, Fernanda Sousa, Manuel Leite, Maria Carolina Oliveira e Maria Joaquina Simões. Estes foram acompanhados pela profissional de RVC Sílvia Santos e pelas formadoras Anabela Maia, Afonso Santos e Cátia Ferreira. O avaliador externo que presidiu à sessão foi a Dra. Gabriela Passos. A todos os adultos, a equipa do CNO da Escola Secundária Padre Benjamim Salgado renova as felicitações e faz votos de sucesso na continuidade dos seus projectos de educação e formação!

Exposição fotográfica "Férias no Mar" - 16 a 28 de Maio


Está a decorrer até ao dia 27 de maio de 2011, na Biblioteca Escolar, a exposição fotográfica intitulada “Férias no Mar”, que contou com a colaboração dos adultos dos processos de RVCC (Reconhecimento, Validação e certificação de Competências) do Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária Padre Benjamim Salgado. A actividade tinha, entre outros, os seguintes objetivos: dar a conhecer material fotográfico com valor pessoal e coletivo, partilhar experiências de vida, desenvolver a expressão oral, escrita e artística. Os adultos elaboraram previamente à exposição textos narrativos, partindo de imagens em suporte fotográfico que seleccionaram de acordo com as experiências passadas. Desse vasto reportório foi elaborado um diário com o mesmo título “Férias no Mar – Diário”, que se encontra em formato papel e digital.



Lembra-nos as mais básicas experiências ligadas ao mar, que pertencem à memória pessoal e coletiva. Entre elas, salientamos a primeira ida ao mar em família, o tão usual destino dos famalicenses - as praias da Póvoa do Varzim e Vila do Conde, a longa viagem de autocarro rumo ao mar gélido, quando o carro era ainda um privilégio de classe, o Passeio dos Alegres na noite de verão, as gulodices ambulantes de praia e o farnel, e a máquina com fole para o retrato a preto e branco...



Paralelamente à exposição fotográfica, um painel evoca um rol de “Leituras de férias”; são títulos e coleções bem conhecidos do público que ultrapassam, sem dúvida, os momentos de leitura à beira-mar. Quem não conhece a banda desenhada do tio “Patinhas”, “Os metralhas”, os romances cor-de-rosa da Harlequim e as fotonovelas românticas, as revistas femininas “A crónica” e “A burda”, os livros de cowboys, os almanaques populares d’ “O seringador”, “A borda d’água”? São livros que fizeram parte da infância e juventude de muitos que vivenciaram os tempos do Estado Novo até aos dias de hoje.

Férias no Mar - Diário


Está a decorrer até ao dia 27 de maio de 2011, na Biblioteca Escolar, a exposição fotográfica intitulada “Férias no Mar”, que contou com a colaboração dos adultos dos processos de RVCC (Reconhecimento, Validação e certificação de Competências) do Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária Padre Benjamim Salgado. A actividade tinha, entre outros, os seguintes objetivos: dar a conhecer material fotográfico com valor pessoal e coletivo, partilhar experiências de vida, desenvolver a expressão oral, escrita e artística. Os adultos elaboraram previamente à exposição textos narrativos, partindo de imagens em suporte fotográfico que seleccionaram de acordo com as experiências passadas. Desse vasto reportório foi elaborado um diário com o mesmo título “Férias no Mar – Diário”, que se encontra em formato papel e digital.

Lembra-nos as mais básicas experiências ligadas ao mar, que pertencem à memória pessoal e coletiva. Entre elas, salientamos a primeira ida ao mar em família, o tão usual destino dos famalicenses - as praias da Póvoa do Varzim e Vila do Conde, a longa viagem de autocarro rumo ao mar gélido, quando o carro era ainda um privilégio de classe, o Passeio dos Alegres na noite de verão, as gulodices ambulantes de praia e o farnel, e a máquina com fole para o retrato a preto e branco...

Paralelamente à exposição fotográfica, um painel evoca um rol de “Leituras de férias”; são títulos e coleções bem conhecidos do público que ultrapassam, sem dúvida, os momentos de leitura à beira-mar. Quem não conhece a banda desenhada do tio “Patinhas”, “Os metralhas”, os romances cor-de-rosa da Harlequim e as fotonovelas românticas, as revistas femininas “A crónica” e “A burda”, os livros de cowboys, os almanaques populares d’ “O seringador”, “A borda d’água”? São livros que fizeram parte da infância e juventude de muitos que vivenciaram os tempos do Estado Novo até aos dias de hoje.

Cerimónia Concelhia de Entrega de Diplomas de V. N. de Famalicão - 5 Maio de 2011 - Vídeo II

Cerimónia Concelhia de Entrega de Diplomas de V. N. de Famalicão - 5 Maio de 2011 - Vídeo I

Cerimónia Concelhia de Entrega de Diplomas de V. N. de Famalicão . Maio de 2011





 
No passado dia 5 de maio, instituído pela Rede Local de Educação e Formação de Famalicão como o “Dia das Novas Oportunidades”, o Centro Novas Oportunidades (CNO) entregou os diplomas de certificação de competências a 35 adultos, de várias gerações, que concluíram um percurso de qualificação através de um processo de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC) de nível básico e secundário.

A entrega de certificados ocorreu na Cerimónia Concelhia de Entrega de Certificados dos Centros Novas Oportunidades de Vila Nova de Famalicão, evento em que foram entregues cerca de 250 certificados, de 9º e 12º anos, a adultos dos sete CNO que integram a Comissão Concelhia Novas Oportunidades deste concelho.

Este evento que encheu o grande auditório da Casa das Artes contou com a presença do adjunto do diretor, Luís Cerejeira, em representação do diretor da Escola Secundária Padre Benjamim Salgado. Contou, ainda, com as presenças do vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha, de António Oliveira, diretor da Direção Regional do Norte, do engenheiro Miguel Venâncio, subdelegado regional da Delegação do Instituto de Emprego e Formação Profissional do Norte, bem como de vários outros convidados ligados à Comissão Concelhia e às entidades onde se encontram sedeados os CNO.

Perante um auditório composto por adultos certificados, elementos das equipas pedagógicas, familiares e restantes convidados, deu-se início ao momento de abertura proporcionado pelo Grupo de Persuasão ARTAVE e do espetáculo de “sombras chinesas” apresentado pelos alunos do Agrupamento de Escolas de Gondifelos, seguindo-se as intervenções dos representantes das entidades presentes.

O vice-presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, referiu sentir-se orgulhoso por ver “a força de vontade e a coragem destas pessoas, em obter conhecimentos e receber formação, fora da época normal de aprendizagem, procurando uma melhoria da qualidade de vida”. Desafiou os adultos certificados a continuarem a apostar no seu processo de formação e para nunca desistirem de aprender. Salientou que “Famalicão é hoje um concelho mais competitivo e mais desenvolvido porque os seus cidadãos têm mais qualificações”. Por sua vez, António Leite da DREN, afirmou que esta cerimónia constitui, na sua ótica, o reconhecimento público do “esforço, dedicação e coragem” daqueles que souberem agarrar a oportunidade que lhes foi dada. Finalmente, o representante do IEFP destacou o “forte investimento” que tem sido feito para aumentar os níveis de qualificação da população portuguesa, no âmbito da Iniciativa Novas Oportunidades

Num segundo momento, num ato marcado pela emoção dos formandos e familiares, procedeu-se à entrega dos diplomas, tendo os mesmos sido entregues aos formandos do CNO da ESPBS pelas mãos do engenheiro Miguel Venâncio, representante do IEFP, acompanhado pelo professor Luís Cerejeira, que os elogiou pelo esforço dispendido e resultados alcançados.

No final, os adultos certificados pelo nosso CNO manifestaram o desejo de continuarem a apostar no aumento das suas competências, conhecimentos e nível de qualificação escolar e profissional. Estão de parabéns todos os adultos que participaram nesta cerimónia! Esperamos que retomem brevemente os seus percursos individuais de qualificação!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Encontro de Técnicos de Diagnóstico e Encaminhamento de Vila Nova de Famalicão



No passado dia 19 de Abril, decorreu no Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária Padre Benjamim Salgado, no período da manhã, um encontro de Técnicos de Diagnóstico e Encaminhamento da Rede Local de Educação e Formação dos Centros Novas Oportunidades do concelho de Vila Nova de Famalicão.

Os objectivos que nortearam o trabalho conjunto foram os seguintes: análise das ofertas educativas-formativas disponibilizadas ao nível da educação e formação de adultos (EFA) - as formações modulares certificadas e os cursos de educação e formação de adultos de habilitação escolar e dupla certificação; partilha dos instrumentos/metodologias da fase de acolhimento, diagnóstico e encaminhamento utilizados nos Centros Novas Oportunidades; o diagnóstico e a inserção em ofertas formativas dos desempregados encaminhados pelo Centro de Emprego.

Com este encontro procurou-se contribuir para a uniformização dos procedimentos adoptados na fase de Acolhimento, Diagnóstico e Encaminhamento uma vez que houve partilha das metodologias.