quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Novas Oportunidades



Dr. Leonel Rocha na entrega de diplomas aos adultos do  RVCC
 
Há iniciativas lançadas pelos nossos governantes que são questionáveis na teoria e, na prática, também não surtem qualquer efeito. Há outras, porém, que podem não ser consensuais, mas que se revelam muito importantes para grande parte da população.

Portugal, no âmbito dos países da Europa e da OCDE, é o ou um dos que apresenta pior índice de alfabetização e de escolaridade/habilitações. Tempos houve, demasiados anos, aliás, em que a escolaridade obrigatória era a quarta classe, depois passa para o sexto ano e, até há um ano atrás, era o nono ano de escolaridade. Estas condições acompanhadas pela grande percentagem de alunos que abandonavam o ensino antes de completar a escolaridade obrigatória, levaram a que milhões de portugueses (não estou a exagerar) tenham habilitações abaixo do nono ano e, mais ainda, do décimo segundo ano.

Não defendo que Portugal seja um país de “doutores”. Aliás, sou crítico em relação à mentalidade de se tratar as pessoas pelo seu título académico. Nos países mais desenvolvidos as pessoas são tratadas por senhora ou senhor e não por doutores ou engenheiros.

Defendo, isso sim, que Portugal aposte na formação dos seus cidadãos, formação que crie quadros intermédios com competências técnico-profissionais, que possam, juntamente com os licenciados, ajudar no crescimento económico e social, fazendo do nosso país uma nação próspera, onde a vida com qualidade seja uma realidade.

Apesar de milhares ou milhões de portugueses não terem conseguido habilitações correspondentes ao nono ou ao décimo-segundo anos, uns por culpa própria, outros porque assim foram obrigados pelas mais diversas circunstâncias, todos eles conseguiram adquirir conhecimentos ao longo da sua vida. Andaram, como diz o povo, na “Universidade da Vida”.

É, por isso, de toda a justiça que estes portugueses possam validar e ver reconhecidas tais competências e, complementando com formação em matérias que ainda não dominam, possam ter o diploma de uma qualificação mais alta do que aquela que possuem.

O reconhecimento e validação das competências que os Centros Novas Oportunidades vão fazendo (em Portugal já ultrapassou a fasquia do milhão e no nosso concelho já são cerca de 5000) têm contribuído para o aumento da auto-estima e da motivação para o trabalho e a intervenção na sociedade, ajudando na tomada de consciência colectiva de que todos somos importantes para construir um país melhor.

Bem hajam todos aqueles que aproveitaram as Novas Oportunidades e parabéns aos Centros Novas Oportunidades pelo importante e excelente trabalho que têm desenvolvido.

Deixo apenas um conselho àqueles que ainda não lembraram ou ainda não viram utilidade em se qualificar através dos CNOs: aproveitem esta Nova Oportunidade. Verão que o esforço compensará e que vai saber bem perceber que, afinal, sabem mais do que aquilo que as vossas qualificações académicas dizem. Os vossos filhos e netos orgulhar-se-ão e agradecerão. A vossa felicidade aumentará. E o país ganhará com isso… tenho a certeza.

Leonel Rocha, Vereador da Educação e Desporto da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão

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